Vou ser curta e grossa:
Esse blog é meu e aqui eu falo sobre o que quiser. Beleza?
Se você é imaturo (a) demais para ouvir ou ler certas coisas, não siga em frente.
Eu sou uma pessoa aberta, questionadora, estou em constante evolução, e escrever me ajuda muito nesse processo.
Nunca serei aquele tipo de pessoa que aceita respostas como: " Sim porque sim e não porque não".
Entendido isso, aviso que o assunto de hoje são Religiões.
Pois bem, eu sou filha de pais Espíritas.
Minha mãe é kardecista e meu pai era Umbandista. Digo "era" porque na verdade eu não sei se ele está vivo ou morto. Eles se separaram eu era pequena e nunca mais o vi.
A minha família é enorme e nela tem de tudo:
Maçônicos, Espíritas, Católicos, Evangélicos, Agnósticos, Ateus...
Eu não tive educação religiosa. Fui batizada para cumprir uma tradição somente. Depois disso nunca mais voltei à Igreja.
A Umbanda do meu pai nunca me influenciou e nem o espiritismo da minha mãe.
Conheci as duas doutrinas.
Meu pai nos levava nas festas e em algumas outras cerimônias, mas algo me incomodava naquele ambiente.
Nada parecia fazer sentido. Não havia uma pregação, um ensinamento, nada. Era somente dança, pessoas falando de forma estranha, fazendo gestos estranhos. Muito mistério e eu não gosto de mistérios.
Haviam coisas esquisitas por todo canto e ao que eu perguntava o que eram e para que serviam recebia como resposta troca de olhares misteriosos entre os membros e sorrisos enigmáticos.
Depois de adulta tive uma amiga que também era de uma dessas religiões não-Cristãs, no caso dela era o Candomblé.
Também recebia convites para participar de festas e cerimônias e era a mesma coisa. Para qualquer pergunta, a resposta era um sorriso estranho e olhares sombrios.
O espiritismo Kardecista é até atraente. Ambiente clean, pessoas educadas e de fala mansa, resposta pra tudo, explicação pra tudo. Totalmente satisfatório. O que me incomoda neste caso é o conformismo deles.
Como acreditam em reencarnação, eles aceitam os reveses da vida na condição de merecedores.
Todo sofrimento, problema e obstáculo é merecido porque estamos aqui para pagar por erros cometidos anteriormente. Tudo é para nossa evolução espiritual. Escolhemos estar aqui e levando a vida que levamos na condição de nos aperfeiçoarmos.
Isso me incomoda sabe? Não gosto de pensar que as minhas filhas, meu marido, meu irmão, minha mãe e até eu mesma somos almas velhas, com assuntos pendentes e que estamos aqui cumprindo uma missão, e que estando a missão cumprida... pluft!
Eu prefiro pensar que recebemos a vida como presente divino, que ela é toda nossa e que o tempo de nossa vida é determinado pela forma como cuidamos dela. Se somos cuidadosos vivemos muito, senão...pluft!
Eu estava na 6º série quando fiz amizade com uma menina. A amizade cresceu, estávamos sempre juntas, e a mãe dela era Pastora. Acabei sendo evangelizada por ela e até hoje a Raquel é a minha melhor amiga, e a tia Iris é uma das pessoas que eu mais amo e respeito no mundo. Ela é uma mulher espetacular!
Quando conheci o meu marido, que é Católico praticante desde criança, tivemos alguns conflitos por diferenças religiosas.
Ele queria batizar as crianças e eu não queria deixar, ele rezava o terço...enfim, coisas que eu fui educada a rejeitar.
Com o tempo, e aconselhada pela minha pastora, acabei me tornando mais tolerante para evitar brigas e acabei conhecendo a doutrina Católica mais de perto, o acompanhava nas missas e outros eventos e vi que a Igreja católica não era o demônio que todo mundo dizia. ( todo mundo da minha igreja)
Fui me aprofundando mais e mais e acabei me convertendo, mas ainda assim existem coisas que me incomodam.
São muitos simbolismos e muitas respostas vazias. Para todo questionamento as respostas são as mesmas:
" Jesus te ama", " Deus é amor", " ame ao próximo", " saia do pecado" , " Jesus morreu por nossos pecados" e etc etc etc.
Pode ser que satisfaça a alguém, mas não a mim.
No dia 1º de Maio , feriado, me convidaram para rezar mil Ave Marias.
Peralá...mil Ave Marias??? Porque? Qual o propósito disso? Um dia inteiro repetindo uma oração?
Aí me olham com aquela cara de espanto tipo: " Ohhhh ela está contestando a fé!"
Mas não tem que contestar?
Eu acho válida a ideia de manter ocupadas pessoas que precisam. Gente que está com problemas em casa, que está em reabilitação de drogas e etc.
Feriado, um dia feito para a ociosidade... pode não ser bom para algumas pessoas. Então a igreja inventar uma ocupação para elas eu acho ótimo, mas achar ruim que algumas outras pessoas prefiram ficar em casa descansando eu acho demais.
Nesse ponto vocês devem estar se perguntando porque então eu não continuo na igreja evangélica onde fui criada e eu respondo:
Eles gritam demais!
Aquilo sempre me constrangeu. E eu sentia culpa por sentir vergonha da minha igreja mas me afundava no banco sempre que começava aquela gritaria.
Também me incomodava o fato deles darem muita atenção ao diabo. Tudo é o diabo!
As pessoas não são responsabilizadas por nada.
Se cometem adultério foi o inimigo, se matam alguém foi o inimigo, se usam drogas foi o inimigo, se espancam os filhos foi o inimigo, se bebem, jogam, se prostituem...tudo é o inimigo. Como se não fôssemos livres para fazer escolhas. Como se não tivéssemos consciência de nada. Como se fôssemos...animais irracionais.
Não dá pra mim... não me desce. Até hoje eu não conseguir engolir nenhuma dessas religiões, nenhuma dessas respostas, nenhuma dessas explicações. Nada.
Será que me falta fé?